Transtornos de aprendizagens em adultos

O diagnóstico tardio de transtornos de aprendizagem em adultos não impede que eles recebam acompanhamento psicopedagógico eficaz. Embora, no passado, acreditava-se que apenas crianças precisassem desse tipo de intervenção, hoje sabemos que adultos com transtornos de aprendizagem também se beneficiam de um plano de acompanhamento personalizado. Pesquisas mostram que, no Brasil, aproximadamente 5% dos adultos são diagnosticados com algum transtorno de aprendizagem anualmente, número que reflete tanto a subnotificação histórica quanto o aumento da conscientização sobre o tema (Associação Brasileira de Dislexia, 2024). Esse diagnóstico, ainda que tardio, pode ser fundamental para melhorar significativamente a rotina e os processos de aprendizagem.

Os transtornos mais comuns diagnosticados em adultos incluem:

1. Dislexia: dificuldade persistente com a leitura, que pode impactar a compreensão de textos e a velocidade de leitura.

2. Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH): problemas de atenção, hiperatividade ou impulsividade, que afetam a organização e o foco.

3. Discalculia: dificuldade com conceitos matemáticos, como cálculos, compreensão de números e noções de tempo.

A internet desempenha um papel central na disseminação de informações sobre transtornos de aprendizagem, facilitando o acesso a conteúdos especializados. Isso tem levado muitas pessoas a identificar possíveis sintomas em si mesmas e procurar ajuda. Esse fenômeno tem sido um fator importante no aumento dos diagnósticos tardios. Contudo, esse acesso ampliado também tem seu lado negativo: o risco do autodiagnóstico. Muitos adultos, ao se depararem com listas simplificadas de sintomas ou relatos de terceiros, acreditam que possuem um determinado transtorno, sem passar por uma avaliação formal com profissionais habilitados, como psicopedagogos, neuropsicólogos ou psiquiatras. A avaliação profissional é crucial, pois somente ela pode garantir a precisão do diagnóstico e o tratamento adequado (Brasil, 2022).

Dicas para organizar a rotina de um adulto com transtorno de aprendizagem:

• Uso de ferramentas visuais: Utilize quadros de planejamento e listas de tarefas para estruturar o dia de forma clara e organizada.

• Divisão de tarefas complexas: Quebrar tarefas maiores em etapas menores torna o processo mais gerenciável e menos sobrecarregado.

• Estabelecimento de metas realistas: Defina objetivos que sejam alcançáveis e mensuráveis, com prazos curtos, para facilitar o monitoramento do progresso.

• Pausas programadas: Incorpore pausas regulares entre as atividades para evitar o cansaço mental e físico, permitindo uma produtividade constante.

Portanto, o acompanhamento psicopedagógico para adultos com transtornos de aprendizagem é uma intervenção eficaz e necessária. A internet oferece mais acesso a informações, mas também exige cautela para evitar o autodiagnóstico. Com o suporte adequado e uma rotina bem estruturada, é possível melhorar significativamente a qualidade de vida desses indivíduos.

Referências:

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DISLEXIA. Estudo sobre diagnóstico de dislexia em adultos. Disponível em: https://www.dislexia.org.br. MATTOS, Paulo. Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) na vida adulta. Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, v. 33, n. 4, p. 323-330, 2011. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462011000400002.

BRASIL. Pesquisa sobre diagnóstico tardio de transtornos de aprendizagem. Ministério da Saúde, 2022. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-mental-e-transtornos-de-aprendizagem.