Calor Excessivo e Saúde Mental: Como as Altas Temperaturas Afetam Nosso Humor e Relações
- Instituto Emancipar
- 5 de mar.
- 4 min de leitura
Se você já sentiu que fica mais irritado, impaciente e intolerante nos dias de calor extremo, saiba que isso tem uma explicação científica. O aumento da temperatura afeta diretamente o funcionamento do nosso corpo e do cérebro, impactando a saúde mental e nossas relações interpessoais. Além disso, as mudanças climáticas têm tornado esses episódios cada vez mais frequentes, enquanto nossas cidades ainda não estão preparadas para lidar com essa nova realidade.
Como o Calor Afeta Nosso Corpo e Cérebro?
Nosso organismo trabalha constantemente para manter a temperatura corporal em torno de 36,5°C. Quando o ambiente está muito quente, o corpo precisa gastar mais energia para se resfriar, aumentando a sudorese e acelerando o metabolismo. Esse esforço extra provoca uma série de respostas biológicas que afetam diretamente nosso estado emocional.
Liberação excessiva de cortisol: O calor ativa o sistema nervoso simpático, aumentando a produção de cortisol, o hormônio do estresse. Isso pode gerar mais irritabilidade, impaciência e dificuldades para lidar com frustrações.
Desidratação e queda de serotonina: Altas temperaturas levam à desidratação, o que pode impactar a produção de neurotransmissores como a serotonina e a dopamina, essenciais para a regulação do humor. O resultado? Mais ansiedade, desânimo e cansaço mental.
Sono de baixa qualidade: Dormir bem no calor é um desafio. Quando a temperatura corporal não consegue cair durante a noite, o sono se torna mais leve e fragmentado, aumentando o estresse e a fadiga no dia seguinte.
Calor Extremo e as Relações Interpessoais
O impacto do calor na saúde mental reflete diretamente em nossas relações sociais. Quando estamos mais estressados e impacientes, a tolerância a pequenas frustrações diminui, tornando os conflitos mais frequentes no trabalho, no trânsito e até dentro de casa. Estudos mostram que períodos de calor intenso estão associados a um aumento na agressividade e até na violência urbana.
Além disso, pessoas que já possuem transtornos como ansiedade e depressão podem sentir um agravamento dos sintomas em dias muito quentes, tornando a convivência ainda mais desafiadora.
Cidades Mal Preparadas Aumentam o Problema
As ondas de calor estão se tornando cada vez mais frequentes devido às mudanças climáticas, mas as cidades não estão prontas para enfrentar esse novo cenário. A falta de planejamento urbano contribui para a intensificação do calor e seus impactos na saúde mental.
Construções mal planejadas: Muitos prédios são feitos com materiais que acumulam calor e não possuem ventilação adequada, tornando o ambiente interno ainda mais quente.
Pouca vegetação: A ausência de áreas verdes reduz a umidade do ar e contribui para o fenômeno das “ilhas de calor”, onde as temperaturas em áreas urbanas são muito mais altas do que em regiões com vegetação.
Falta de espaços públicos climatizados: Nem todos têm acesso a ar-condicionado ou ambientes frescos, o que aumenta o estresse térmico, especialmente para grupos vulneráveis como idosos e pessoas em situação de rua.
O Papel das Políticas Públicas
Ainda há poucas iniciativas para mitigar os impactos do calor extremo na saúde mental. Algumas medidas que poderiam ser adotadas incluem:
Expansão de áreas verdes e arborização para reduzir a temperatura urbana.
Melhoria na infraestrutura dos prédios, incentivando construções mais adaptadas ao calor.
Criação de espaços públicos climatizados, como centros comunitários de resfriamento para dias de calor extremo.
Campanhas de conscientização sobre os impactos do calor na saúde mental e formas de minimizar seus efeitos.
Como Podemos Reduzir os Impactos do Calor na Nossa Saúde Mental?
Enquanto as mudanças estruturais não acontecem, algumas ações individuais podem ajudar a lidar melhor com o calor extremo e seus efeitos na saúde mental:
Mantenha-se hidratado para evitar quedas nos níveis de serotonina e dopamina.
Busque ambientes ventilados e evite sair nos horários mais quentes do dia.
Pratique técnicas de relaxamento, como respiração profunda e mindfulness, para reduzir o estresse.
Priorize ambientes com vegetação sempre que possível, pois áreas verdes ajudam a reduzir a temperatura e promovem bem-estar.
Adapte seu sono: Use roupas leves, invista em ventiladores ou estratégias para manter o quarto mais fresco à noite.
Conclusão
O calor excessivo não afeta apenas o físico, mas também nossas emoções e relações. À medida que as mudanças climáticas tornam as ondas de calor mais intensas e frequentes, precisamos de soluções eficazes para tornar as cidades mais habitáveis e minimizar os impactos na saúde mental. Enquanto isso, cuidar da hidratação, do sono e buscar estratégias para reduzir o estresse térmico pode fazer toda a diferença no nosso bem-estar diário.
E você, já percebeu como o calor afeta seu humor? Compartilhe sua experiência nos comentários!
Referências:
Azevedo, A. L. (2024, 22 de dezembro). Impacto no cérebro: calor excessivo pode afetar saúde mental e capacidade cognitiva. O Globo. Disponível em: https://oglobo.globo.com/saude/noticia/2024/12/22/impacto-no-cerebro-calor-excessivo-pode-afetar-saude-mental-e-capacidade-cognitiva.ghtml
Ministério da Saúde. (s.d.). Ondas de calor. Portal Gov.br. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/o/ondas-de-calor
Paixão, S., Vilão, S., Ferreira, A., & Figueiredo, J. (2023). Alterações climáticas e saúde mental. RevSALUS - Revista Científica Internacional da Rede Académica das Ciências da Saúde da Lusofonia, 5(Sup), 63-64. Disponível em: https://revsalus.com/index.php/RevSALUS/article/view/583
Jarvis, L. (2024, 30 de julho). Ondas de calor são um risco à nossa saúde mental. Temos que estar preparados. Bloomberg Línea. Disponível em: [https://www.bloomberglinea.com.br/2024/07/30/recordes-de-calor-sao-um-alerta-para-a-nossa-sa
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